22.3.07

Realidade prismática

Bovary está deslumbrada com o novo mundo. Sente-se cada vez menor entre portas giratórias, catracas e um elevador que, de tão rápido, tapa os ouvidos. Ansiedade: quer pertencer àquele mundo, deseja a chegada do e-mail, tenta a cada minuto descobrir quem é, por que está ali e o que pode fazer para continuar. Sente-se vazia; está louca para se apaixonar. E coloca um peso imenso em cada acontecimento - como se lidar com cada um deles fosse decisão irrevogável e fatal.

Shirley está apreensiva, louca para tomar cerveja. Mas fez alongamento pela manhã e uma longa caminhada no início da noite. Atendeu diversos amigos ao telefone e perdeu outras ligações importantes e bem-vindas. Está se fortalecendo com a oportunidade fugaz de estar no lugar onde pretende ficar. Planeja, passo-a-passo, o que fará para conseguir. Tem novidades rolando, mas peso agora é só na aula de pilates. Prefere ir encaixando os programas e ver no que vai dar. Se o e-mail não chegar, tudo bem. Não era para acontecer. Outros mensageiros virão.

Bovary quis chorar; Shirley secou.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mas que coisa, agora todo mundo tem blog novo... Vou te linkar, viu?
Bjos

Anônimo disse...

É a mesma briga, sempre, entre chorar e não chorar. E acho que você se torna cada vez mais Shirley e menos Bovary. Acho bom, sabia?
Beijos!