26.5.07

Quando decidiu que não valia a pena conhecê-la melhor porque nunca iria se apaixonar, ele não sabia de algumas coisas.

Não sabia que se ela está dirigindo e passa em uma série de buracos, não consegue tirar o pé do acelerador. E que o carro dela pula mais do que todos os outros - porque além do impulso dos buracos, há as curtas e firmes aceleradas.

Ele não sabia que no ônibus ela é igualmente desajeitada: por mais que calcule quanto peso deve deixar em cada perna para se segurar bem durante uma curva, ela sempre quase cai.

Não havia percebido que ela tem mania de raspar a ponta das unhas crescidas nos outros dedos, só para se lembrar de não voltar a roê-las.

Ignorava sua mania de somar os números das placas dos carros – e sua conseqüente irritação com resultados não-múltiplos de três.

Não se dera conta de que “Minha imaginação é foda” não é apenas uma comunidade do Orkut.

Confundia sua distração ao ouvir música boa com o fato de ela imaginar, por todo o tempo de duração da faixa, que o intérprete estava ali na sua frente, cantando para ela.

Ele não notara que ela está no detalhes – justamente naqueles em que tenta se esconder.

Um comentário:

Sil S. disse...

Esse texto foi o mais bonito que li em vários dias. Acho que ando muito menininha.

PS: Lu, você foi xavecada por um admirador do seu blog??? Genial! rs